sábado, 21 de fevereiro de 2015

A importância dos psicólogos se capacitarem para atendimentos online


A internet tornou-se uma ferramenta muito importante na vida das pessoas, sendo usada para trabalho, lazer e até relacionamentos, conhecimento e informação em geral. Isto vem acontecendo há 20 anos, porém nos últimos anos esse consumo tem acontecido de maneira muito mais veloz e natural, quase uma “simbiose” entre o homem e a máquina, especialmente pela popularização dos smartphones. Isso impactou o comportamento humano, com as pessoas vivendo uma nova forma de ser e estar no mundo.
Por conta disso, hoje se pode encontrar todo tipo de serviço na internet. Podemos buscar profissionais das mais diversas áreas, e até mesmo se vê que muitos serviços, que até então exigiam estar com o prestador, hoje são executados de maneira totalmente online. Isso vale também para serviços psicológicos.
A demanda pela terapia online já é grande e continua crescendo. Os motivos que levam as pessoas a procurar essa modalidade de atendimento ao invés de uma visita ao consultório são os mais diversos: “falta de tempo pela correria do cotidiano”, a pessoa viver em uma cidade pequena que não tenha psicólogo, pessoas que estão viajando ou aquelas que vivem em outros países, mas preferem ser atendidos por um profissional de sua nacionalidade, e ainda aqueles que não podem sair de casa, por diferentes causas. E há também aqueles que simplesmente preferem o atendimento online, por exemplo por timidez, ficando mais à vontade para se expressar pelo computador.
É preciso que fique claro que, apesar de o atendimento online ser tão eficiente quanto um presencial, ele não pode ser usado em qualquer situação, e de forma alguma deve ser visto como um substituto da terapia no consultório. É apenas mais uma modalidade de atendimento, que pode funcionar muito bem com algumas pessoas, mas nem tanto com outras. Exatamente como acontece com as diferentes linhas de atendimento tradicionais.
Por conta disso, o psicólogo precisa estar capacitado para lidar com as peculiaridades e as nuances de um atendimento online, inclusive para identificar casos patológicos que não devem ser atendidos dessa forma. Portanto, a princípio, qualquer profissional poderia realizar atendimentos online, desde que esteja habilitado para isso e siga as boas práticas que já constituem uma norma do CFP (Conselho Federal de Psicologia), através da Resolução CFP Nº 012/2005. Não basta apenas criar um site e começar a atender.
Por isso, assim como acontece antes de um atendimento em consultório, surgem dúvidas na hora de escolher o profissional. Além de insegurança que muitos sentem por contar sua vida a um “desconhecido”, surge o questionamento se um atendimento à distância realmente é eficiente. Essas questões são naturais, e a busca de um psicólogo para atendimento online fica melhor se a pessoa tiver recomendações de conhecidos. Mas na internet essa busca pode ficar ainda mais simples e refinada, pois, além de perguntar para seus amigos, a pessoa pode procurar por recomendações do profissional em redes sociais e sites especializados. Além disso, se o profissional tiver o seu próprio site, este deve ter o selo do CFP que autentica que o psicólogo está habilitado também a oferecer atendimentos online.
Tudo que vem surgindo é a própria produção do ser humano, trazendo sempre coisas boas e ruins. Cabe a cada um e aos profissionais que lidam com pessoas –psicólogos, professores, pedagogos e outros– assumirem uma postura aberta à nova realidade, para trabalhar na conscientização de um bom uso do novo que vem surgindo cada vez mais depressa.
No caso dos psicólogos, eles precisam estar preparados para atender essas demandas, não só de atendimento online, mas também de queixas relacionados a tecnologia que chegam aos consultórios. Não apenas do ponto de vista técnico e ético, mas também para compreender as novas nuances do comportamento humano. Um exemplo de problema que não existia até bem pouco tempo atrás são os ligados a redes sociais, como por exemplo ansiedade o ciúme causado por posts do cônjuge. Alguns poderiam dizer que não se trata nada além de ciúmes (o que não é nada novo). Mas os recursos oferecidos pela internet amplificam de tal forma que essa questão, que podemos dizer que se trata de uma forma inédita de lidar com seus próprios sentimentos.
Para o psicólogo, não basta saber o que é o Facebook ou como usá-lo: é preciso saber conduzir essa situação com um olhar mais apurado. E, no caso de atendimentos online, quando o trabalho é realizado por email, por exemplo, é preciso de treino para intuir as emoções que estão plasmadas em aparentemente simples palavras, que vêm carregadas de sentimentos, angústia, insegurança e outros sentimentos.
Seja como for, o atendimento, online ou presencial, deve ser realizado seguindo o Código de Ética dos psicólogos, respeitando o sigilo e cuidado com a intimidade dos pacientes. E, no caso do atendimento online, existem cuidados adicionais, já que esta modalidade não seria uma mera transposição da terapia convencional para o mundo digital: ela requer, pelo fato de o profissional não estar no mesmo ambiente do paciente, cuidados específicos, como criar um canal seguro para que o que for conversado nas sessões não seja acessado por outras pessoas.
Os profissionais devem se apropriar de seu papel nesse momento para oferecer um atendimento de qualidade a seus pacientes. Uma boa maneira de se fazer isso é participando de grupos de estudo ou de cursos de capacitação, como os oferecidos pelo NPPI (um novo módulo, totalmente online, começa agora em março: http://www.pucsp.br/pos-graduacao/especializacao-e-mba/psicologia-e-informatica-um-panorama-sobre-os-relacionamentos-virtuais-e-os-servicos-psicologicos-mediados-por-computadores ). Como se vê, os psicólogos vivem um momento muito rico de amadurecimento de uma nova modalidade de atendimento. Todos devem participar, seja no seu trabalho cotidiano, seja com as pesquisas nas universidades ou com as discussões nos Conselhos.

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