sábado, 25 de setembro de 2010

Pais são fundamentais para o bom uso da tecnologia pela geração Z


Atualmente se escuta muito dizer que os pais são ausentes. Pela falta de tempo, outorgam a educação plena dos filhos à escola e a diversão cada vez mais aos equipamentos eletrônicos.
O vínculo da criança com aparelhos tecnológicos, como videogames, computador, celulares, internet, por sua vez, é natural. Essas crianças já nasceram nessa realidade, seja no uso da tecnologia, seja na ausência dos pais.
Pelas conversas que tenho com várias crianças e por casos que chegam ao NPPI, tiro algumas conclusões. A primeira dela é que esse uso cada vez maior da tecnologia não é necessariamente ruim. Na verdade, ela pode até ser bastante positivo, se bem usado. Tudo tem os dois lados, e o bom ou o ruim está em como se usa a tecnologia.
Outra conclusão é que não adianta proibir o uso desses equipamentos. Lembro-me do caso de uma criança de 12 anos, que jogava, segundo seus pais, exageradamente. Eles não o viam durante o dia, devido ao trabalho, mas, quando ele começou a ter problemas na escola, concluíram que o filho jogava demais. Os pais ficaram preocupados, sem saber como lidar com esta situação, e a primeira coisa que fizeram foi tirar o computador do menino e o guardar no armário. Um dia a mãe chegou mais cedo em casa e encontrou o filho dentro do armário, jogando escondido.
Essas crianças, da chamada geração Z (crianças nascidas depois de 1995), como qualquer outra, usam todos os recursos que estiverem a seu alcance. São os “nativos digitais”, outro termo que já virou um lugar comum. O que essas crianças precisam é de orientação para fazer um uso saudável dessas ferramentas, já que, com elas, podemos aprender, desenvolver mais a criatividade, melhorar o desenvolvimento cognitivo sensório motor.
Crianças só fazem coisas que estão ao seu alcance. Por isso, o olhar dos pais deve estar sempre atento, para orientar e dizer o que se pode fazer e quando. Com a tecnologia, podemos consumir informação, podemos ampliar o nosso círculo de amizades. Mas também elas precisam aprender a se proteger, pois, como no mundo fora da internet, existem muitas coisas que podem causar danos.
Já conheci crianças de seis anos usando o Orkut, porque jogam a “Fazenda Feliz”, ou o Facebook, onde tem o “Farmville”. É importante, também aqui, que os pais acompanhem seus filhos, para que não caiam nas armadilhas que pessoas de má índole deixam na rede. Esses joguinhos em si não são nenhuma ameaça, mas o que pode acontecer na rede social, como desconhecidos querendo adicionar e obter informações das crianças, pode ser. Não se sabe quem está do outro lado da tela ou o que se passa pela cabeça dessas pessoas. Isso não significa que a criança não deva entrar em redes sociais, mas sim que, para isso, ela tenha instruções específicas e acompanhamento dos pais. Os próprios termos de uso desses serviços dizem que eles devem ser usados por pessoas maiores de idade.
A intervenção dos pais também é importante para as crianças poderem usar positivamente a tecnologia. Os pais precisam se despir de preconceitos e aprender como tirar bom proveito da tecnologia, para poder explicar a seus filhos como identificar boas fontes de informação para pesquisa escolar, por exemplo. Nem tudo que aparece no alto do Google é confiável: é importante saber identificar o que é uma fonte relevante de outra qualquer (por exemplo, de sites de renomadas instituições ou publicações reconhecidas). Isso só se consegue com a prática e com a experiência. As crianças devem saber –e ser incentivadas– a fazer suas pesquisas com livros também, mas erram os pais que querem impedir que isso seja feito com a internet. Limitando a criança dessa forma, os pais estão impedindo o desenvolvimento pleno de seus filhos em um mundo cada mais conectado e rico em informações, que é o mundo da geração Z.
Por fim, cabe aos pais ainda a tarefa de oferecer alternativas para que as crianças também se desenvolvam com brincadeiras que não envolvam a tecnologia, brincadeiras como as que eles faziam quando eram crianças. Mas precisam se organizar para reservar o tempo necessário para isso no seu dia a dia. Além de muito importante para os pequenos, esses momentos também servirão para resgatar o tempo com seus filhos e um pouco do lado criança de cada adulto. Recuperar esse tempo perdido ajuda a estruturar melhor a família, o que é positivo para todos os seus membros. Não adianta ser apenas um juiz que limite, controle e dê as diretrizes para um filho robô. É importante um contato muito mais próximo com eles para que, nessas brincadeiras, se criem ambientes propícios para que a criança explore limites que não estão disponíveis quando ela está usando apenas a tecnologia.